domingo, 9 de março de 2014

Basta estar presente. Sentar-se. Sorrir. Abençoar.



Quando a mulher atinge a glória, sua energia é magnética e seu senso de possibilidade contagioso. Todas temos visto mulheres cercadas de glória, plenas de realização e regozijo, conscientes disso, orgulhosas disso, transbordantes de amor. Elas brilham. Conheci este estado de espírito em outras mulheres e por vezes, em mim mesma. Mas esta poderia ser uma afirmação mais sólida, uma conquista mais coletiva. Não precisamos fazer nada para ser gloriosas, somos assim por natureza! Se lêssemos, estudássemos e amássemos; se pensássemos com maior profundidade e percebêssemos com maior profundidade que nossos corpos são instrumentos para dar e receber amor, pois somos a maior bênção do mundo, nada mais precisaria ser dito para mostrar nosso valor. Basta estar presente. Sentar-se. Sorrir. Abençoar.

Quanta necessidade deixa de ser atendida em nossa sociedade apenas porque as mulheres tem sido desvalorizadas e desrespeitadas pelas próprias mulheres. Não podemos esperar que o mundo restabeleça nosso valor, estamos aqui para restabelecer nosso valor no mundo. O mundo exterior pode refletir nosso esplendor, mas não pode criá-lo. Ele não pode nos coroar. Somente Deus tem esse poder e Ele já nos coroou.

A cada dia temos uma tarefa a cumprir: recuperar nosso lugar de honra. Isso requer trabalho e ele não agradará a todas. Seremos chamadas de pretensiosas, seremos acusadas de estar perigosamente negando nossas falhas, nossas neuroses e nossas fraquezas. Mas este é um truque antigo, dizer à mulher que sua glória é seu mal. E, sem dúvida, estamos negando. Negamos à fraqueza o poder de nos deter, seja a fraqueza do mundo ou a fraqueza do nosso passado. Estamos voltadas para coisas melhores, tais como admitir a nossa beleza, enaltecer a nossa coragem de chegar a este ponto e recuperar nosso poder natural de curar e sermos curadas. Não somos pretensiosas, e sim, estamos cansadas. Cansadas de fingir que somos culpadas quando sabemos que somos inocentes, que somos feias quando sabemos que somos belas, e que somos fracas quando sabemos que somos fortes. Durante muito, muito tempo, esquecemos que somos parte da realeza cósmica. Nossas mães esqueceram, e as mães delas também. Lastimamos suas lágrimas, deploramos sua tristeza. Mas agora, finalmente quebramos o ciclo!

Por isso, por todas as mulheres mais velhas e matreiras que estão aprendendo quando chegou a hora certa de dizer o que precisa ser dito e não se calar, Ou a calar-se quando o silêncio for mais eloquente que as palavras; Por todas as sábias em formação, que estão aprendendo a ser gentis quando seria tão fácil ser cruel,e que estão praticando a arte de dizer verdades com compaixão; Por todas as que rejeitam as convenções e preferem chocalhar os ossos, balançar o barco e acalmar tempestades; Por todas aquelas que dizem as antigas orações, que se lembram dos símbolos, das formas, das danças e dos ritos do passado; Por aquelas que abençoam os outros com facilidade e frequência e que não tem medo, ou se tem, agem com eficácia de qualquer modo; Por elas, celebramos e pedimos que vivam muito, com força e saúde, e com um imenso espírito aberto aos ventos!

Por elas, pedimos que continuem sempre a nos ensinar a amar este mundo e todos os seres que nele estão, das formas que mais importam para a alma!

Por elas, peçamos em preces que a força e a cura caiam direto nos ossos da sua coragem para sempre...

Clarissa Pinkola Estés – Ciranda de Mulheres Sábias

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